Ele sempre gostou de pintar. Desde pequeno, pintava e pintava, e tinha tamanho talento que, mesmo sendo este um gosto incomum, sua família o apoiava completamente. Todos sabiam que ele amava pintar, e que seria um pintor. Quem sabe um dos grandes.
O outro sempre gostou de pintar. Desde pequeno, pintava e pintava, mas não tinha talento algum, e pintava coisas abstratas ou imperfeitas. Sua família lhe dizia de contínuo que deveria se tornar médico ou advogado, quem sabe engenheiro. Mas ele pintava. Todos sabiam que ele amava pintar, e que queria ser pintor, mas ninguém tinha fé que ele poderia. Não, não ninguém. Ele tinha certeza que conseguiria.
Ele, talentoso e prevenido, procurou conhecer o mercado do ofício ao qual amava. O outro, por sua vez, só se preocupava em usar seu esforço para melhorar gradualmente sua técnica de pintura.
Ele, ao ver como era o mercado em que teria que entrar, temeu não poder sobreviver. Era uma terra de poucos homens, todos os que ali estavam pareciam tão talentosos que ele ou ainda mais. Como ficar ali?
O outro, por sua vez, foi vencendo a cada dia, e melhorando. Em um dado tempo, seu esforço fez de sua técnica tão boa quanto a do mais talentoso pintor. Foram tempos de guerra e luta, até ali. Então chegaram os tempos de glória.
Por fim, ele se tornou um médico cirurgião, com suas mãos precisas, e o outro, um grande pintor, em meio à terra de poucos homens, a qual ele amava.
Nenhum comentário:
Postar um comentário